sábado, 1 de janeiro de 2011

O gay maduro e a tolerância

O que dá ibope no blog é escrever sobre pegação, homens peludos, pelados, saunas gays e sacanagem. Parece que o mundo gay vive exclusivamente disso, mas não é bem assim, senão vejamos:

Poucos blogueiros escrevem ou falam sobre as relações gays e as variantes complexas dos relacionamentos, porque é aí que o cotidiano acontece e particularmente cada um tem uma realidade diferente, mas que se assemelham em muitos contextos e situações.

Eu gosto de explorar o tema das relações gays porque vivencio isso no meu cotidiano, estou cercado de relações gays complexas, relações saudáveis, outras conturbadas. O nosso mundo gay é muito rico no campo das relações humanas. O blog serve para isso mesmo, discutir pontos de vista e experiências de vida que de alguma forma faça você parar e refletir sobre cada questão e você pode concordar ou discordar.

Para que uma relação seja duradoura e não caia na mesmice há que ser tolerante e ninguém gosta de tolerar situações que envolvem domínio de território, livre arbítrio, liberdade e sexo.

Sobre o domínio de território: Quando conhecemos um parceiro nem passa na nossa cabeça dividir territórios, seja na sua casa ou na dele - compartilhamos espaços neutros dentro de quartos de hotéis ou motéis, mas o tempo passa e nos envolvemos e aí começamos a compartilhar territórios particulares porque é mais confortável e temos uma pré disposição social de viver como uma família. Se você não souber separar bem as coisas, quando se vê o parceiro está enfiado na sua casa ou você na dele e para desfazer a situação muitas vezes é preciso terminar a relação. Sou favorável ao convívio pacífico e creio que dá para dividir espaços, mas o melhor mesmo é cada um na sua casa.

Sobre o livre arbítrio: Quando conhecemos um parceiro decidimos se aceitamos ou não fazer sexo com ele. Inicialmente isso é prazeroso e instigante, chega a ser um jogo de sedução onde cada qual coloca em cena suas peças para tirar proveito do sexo que é maravilhoso. Quando você percebe já está envolvido e se esquece daquilo que te dava muito prazer: poder tomar as suas próprias decisões sem ter que dar satisfação a ninguém. Você já não responde por si e suas decisões refletem na situação do casal e vice-versa. Isso quer dizer o seguinte: tudo o que você ganha você tem que dar algo em troca e aqui você entregou de bandeja o seu livre arbítrio em troca de uma relação, seja ela sexual ou uma relação de fato, de convivência ou amizade. Não estou generalizando, mas apenas exemplificando, porque livre arbítrio não está ligado somente ao sexo.

Sobre a liberdade: Não preciso escrever ou detalhar muito porque é a situação mais visível em nossas vidas. Quando nos envolvemos num relacionamento pouco a pouco nossa liberdade diminui em prol de uma liberdade compartilhada. Por mais que exista liberdade entre os parceiros, cada um está preso à vida do outro. A palavra por si só já diz tudo, mas não é tão ruim! porque de que adianta ter liberdade se não temos, amor, carinho e companhia? Muitas vezes não temos nem o sexo!

Sobre o sexo: Somos caçadores por natureza e o sexo é muito bom e todo mundo gosta. Passamos a vida inteira tentando satisfazer nossos desejos, fantasiamos os homens mais gostosos e bonitos, os mais inteligentes ou bem vestidos. Nossas fantasias vão além do plausível e do normal. Nas fantasias vale tudo e construímos um mundo sexual muito semelhante ao nirvana do budismo, quando vivemos um estado de libertação do sofrimento.
Tolerar situações que envolvem o sexo é um exercício tão difícil quanto aceitar todos os defeitos do seu parceiro e ainda assim enxergar apenas as suas virtudes. Relações abertas são ótimas, mas sempre um dos parceiros cobra alguma coisa, porque o que existe é uma pseudo tolêrância.

Eu estou numa fase da minha vida onde eu abro mão de muitas coisas em prol de uma relação estável e sem conflitos, porque aos 51 anos de idade eu sei muito bem que é muito difícil encontrar “alma gêmea”, até porque eu não acredito nisso.

Geminiano que sou, sou sonhador e devasso, mas muito racional nas minhas relações e sei muito bem que a tolerância é um valor que se deve promover , sem sonhos, com os pés no chão, também não se deve tolerar tudo porque não se deve permitir tudo.

A tolerância, entendida como respeito e consideração pela diferença, como uma disposição para admitir nos outros uma maneira de ser e de proceder diferente da nossa, ou como uma atitude de aceitação do legítimo pluralismo, é, em todos os aspectos, um valor de enorme importância

E você o que pensa sobre tudo isso?

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